segunda-feira, 9 de julho de 2007

Íntimo II


O inesperado esperado
acontecimento,
que permanece em cada momento.
À nossa volta e bem cá dentro.
Entre Nós.
A humidade quente do beijo,
a doçura salgada das palavras,
o carinho ternurento do toque extasiado.
A serenidade da presença.
As Tuas mãos nas minhas mãos.
Encaixadas. Repousadas.
A Tua boca na minha boca aberta para ti.
O teu corpo no meu corpo pronto para te abrigar.
A tua alma dentro de mim. A morar.
Medo. Porque é bom demais!
Sorriso sincero, olhar guloso...
Desconhecido conhecido. Quando não sei.
Mistério por desvendar e descoberto.
Tesouro encontrado.
Só para mim.
Querer mais e mais...
O vazio preenchido da tua ausência.
Lágrimas que não gostas. Silêncio musical.
Grito. Gritar.
Cantar, dançar, como se não houvesse amanhã.
Alegria.
Fúria. Raiva.
Êxtase.
Sorrisos. Gargalhadas apetitosas.
O bater do teu coração, ao som da vida.
Olhar arregalado. Contrariedades.

Razões irracionais.
Sonhos reais. Vivos. Memória.
Morno.
Erupções constantes do vulcão da ansiedade.
E a culpa é da vontade.
Tempo. Espera. Desespero.
Respirar.
Tristeza. Frustração.
Olhar em frente. E para todos os lados.
Levantar e cair. E voltar a levantar.
A cada momento, um novo começar.
A vontade é a responsável.
Desejo puro. possessão. Ciúme safado, legítimo.
E tudo mergulha num mar de tranquilidade.
Profunda. Profundo.
Um segredo só nosso e do resto do mundo.
No vento, nas folhas, em cada gota de água.
Numa flor, numa teia, no sangue, na brisa,
nas ondas, no deserto molhado e no seco também.
No suor, nas estrelas.

A mudança, os ponteiros do relógio, os números do calendário,
a dança do tempo.
O amadurecer da fruta da árvore da vida.
Aquilo que permanece.

Esse teu eu que é tão meu e é teu.
E sou eu também.
Aconchego. Abraço da magia real, sem truques falsos.
O teu cheiro. Cheira a casa. E ao cume
de uma montanha bem alta. E ao fundo do mar.
Parte de mim. Indispensável.

Unidos por um laço de pontas soltas, bem enlaçadas,
dançando ao ritmo da vida.
Ao sabor do momento.

A força frágil que nos move. Sempre.
Dói e cura.
E nada chega e tudo é suficiente.
Claridade. Luz. Que me ilumina e guia.
No "escurinho", ensina-me o caminho.
O autêntico do acontecimento. A tua alma
entrando na minha.
E permanecendo. Intemporal.
Aqui e agora.

Escrito a 4 de Novembro de 2006

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