segunda-feira, 9 de julho de 2007

Mais que um prazer


Cada vez gosto mais de escrever. Sabe-me bem. Sabe-me tão bem! Desde sempre gostei de escrever...mas agora gosto ainda mais.
Para mim, escrever é mais que um prazer. É uma necessidade. É como respirar ou comer ou...outros verbos acabados em -er. Em conjunto com o pensamento, é a minha maior liberdade... Sim. E liberdade é também uma necessidade. Cada vez é mais difícil dissociar ambas as coisas: pensar e escrever. Pensando bem, estão completamente interligadas. Eu penso, penso, penso. Depois escrevo, escrevo, escrevo. E enquanto escrevo, penso. E quando penso, sinto tantas vezes vontade, necessidade de escrever. Partilhar com o papel tanto de mim. Tantas ideias, tantas sensações, inúmeros sentimentos, raciocínios lógicos, mais ou menos...Ou não...Mas isto de partilhar com o papel estas coisas todas, estes pensamentos, tem muito que se lhe diga. Não é mesmo nada fácil! Em primeiro lugar, nunca se consegue escrever tudo...mas se repararmos, depois, até escrevemos o principal e, no fundo, está lá tudo afinal. Mas há sempre uma réstia da sensação que se poderia ter escrito de outra maneira. É ridículo, mas é verdade. Por outro lado, muitas vezes o que escrevemos é uma grande confusão.
Para além de tudo isto, ao escrever, tenho sempre em mente a comunicação. Não em relação ao papel ou aos peixes (como o Padre António...). Não, não faço sermões quando escrevo, embora possa, às vezes, parecê-lo. Escrevo com a esperança e com a forte convicção de que alguém vá ler o que escrevo. Outro (ou outros) ser(es) humano(s). Lá está: é outra necessidade a comunicação. A pior angústia é que quem vá ler possa não entender devidamente o que escrevo. Por isso se torna tão difícil escrever. Tento escrever para ser entendida.
Ou será mais para me "auto-entender"?

Pois. Inclino-me mais para a segunda hipótese. (Ó pa mim toda inclinada! ;-))
Talvez por isso seja difícil, tão difícil escrever. E tão fácil ao mesmo tempo. Escrevo para que eu me compreenda. A mim própria. E isto é sempre bem mais complicado!
Escrever sabe-me mesmo bem!
Acalma-me.
Como tu, meu amor. Como a presença deste amor dentro de mim me acalma, me dá esta paz. Como quando era pequenina (continuo a achar que ainda o sou!) e a minha mãe ou o meu pai me diziam que "está tudo bem!", que ia correr tudo bem. Quando qualquer força maior... não, não é uma qualquer! É aquela força que nos une a todos, quer queiramos ou não... É assim. É aquela sensação de pertença. É chegar a casa, ao nosso aconchego.
Pois. Pois. Pois. Pois.
Mas mesmo a nossa casa, o nosso aconchego, têm problemas, tem sempre o reverso da medalha... É um cano que rebenta e temos que o consertar, é o pó que temos que estar sempre a limpar, são as plantinhas que têm que ser regadas e mimadas, enfim. É fodido. Como o amor (já o dizia Miguel Esteves Cardoso...) Como tu. Como nós.
Se não fosse fodido não seria amor.
E será que se assim não fosse, esta merda toda faria sentido? A nossa vida faria algum sentido?
Não sei. Sei muito pouco. Tão pouco. Cada vez mais, cada vez menos.
Simplesmente, sinto assim. Por isso, deve ser assim. Ou não. Talvez.

Amo-te. É bom. É fodido. É e mai' nada.

Escrito a 30 de Setembro de 2005

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