quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

Hoje comemorou-se este dia. Eu desconhecia, mas esta é uma das vantagens de se trabalhar no mundo da educação. ;)
Poderíamos dizer que todos estes dias que se resolveu marcar no calendário são um exagero. Como se costuma dizer por aí: "Isto agora há dias para tudo!..." Por vezes, também me parece que sim. No entanto, neste caso, considero este dia bastante importante, porque nunca é demais lembrar que há pessoas que possuem deficiências que as impedem, de algum modo, de levar a chamada vida normal.
Assim, penso que é bom parar para pensar sobre o assunto, (nem que seja pelo menos uma vez por ano!...).
Estas pessoas precisam, muitas vezes, somente de um pequeno gesto dos outros, uma pequena alteração, que não faz diferença a quem não possui essas características, mas que faz toda a diferença para elas. E são felizes apenas com isso. Sim, pois estas pessoas são, regra geral, felizes, pois sabem dar valor ao melhor da vida, às coisas mais simples. Deste modo, nós (os outros) precisamos bem mais delas do que o contrário. Precisamos de aprender a valorizar realmente a vida.
Eu tenho consciência que preciso de aprender. Já valorizo a vida um pouco mais hoje do que ontem. E, assim, quero continuar. Tenho muito para aprender.


Este poema de António Gedeão (Poesias Completas, 1956-1967) estava escrito num folheto que foi distribuído na escola onde trabalho. não conhecia, mas devo dizer que gostei bastante de o ler. Uma vez mais a poesia genial deste escritor. Mostra (ou parece querer mostrar) que somos todos iguais, apesar das diferenças. E, ao mesmo tempo, que essas diferenças existem e devem ser respeitadas. Na minha opinião, ainda bem que existem essas diferenças!

Pastoral

Não há, não, 
duas folhas iguais em toda a criação.


Ou nervura a menos, ou célula a mais,
não há, de certeza, duas folhas iguais.


Limbo todas têm,
que é próprio das folhas;
pecíolo algumas;
baínha nem todas.
Umas são fendidas,
crenadas, lobadas,
inteiras, partidas,
singelas, dobradas.


Outras acerosas, 
redondas, agudas,
macias, viscosas,
fibrosas, carnudas.


Nas formas presentes,
nos actos distantes,
mesmo semelhantes
são sempre diferentes.


Umas vão e caem no charco cinzento,
e lançam apelos nas ondas que fazem;
outras vão e jazem
sem mais movimento.


Mas outras não jazem,
nem caem, nem gritam,
apenas volitam
nas dobras do vento.


É dessas que eu sou.

4 comentários:

Lua disse...

Engraçada a tua refelxão sobre o "há dias para tudo"... Eu acho bem! Todos os dias deviam ter algum significado, podia ser que assim as pessoas lhes dessem mais valor. Na Rep. Checa há o nome do dia, todos os dias do ano são dedicados a um nome e todas as pessoas que têm esse nome são saudadas pelos restantes! Não achas bem?

Lua disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Lua disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
caos disse...

Já me tinhas falado nisso! Deve ser muito engraçado. É uma forma de lembrar as coisas e de as valorizar.