quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A tal vontade...

Já há muito ando para escrever aqui. E tenho vindo a adiar a minha vontade de o fazer, por razões diversas. Agora, decidi que não vou adiar mais e vou simplesmente ocupar um pouquinho que seja do meu tempo a escrever o que me vai na alma. A lançar palavras ao vento... Com a chegada do Outono, tivemos uns dias quentes, muito quentes, demasiado para esta altura do ano, mas souberam bem. Apesar de alguns momentos muito agradáveis, os ânimos por cá por dentro também esquentaram um pouco demais. Talvez seja necessário de vez em quando. Talvez. Depois, chegou o friozinho e a chuva e o vento, muito. Sabe-me bem, apesar de tudo. Já tinha saudades do Outono, das folhas secas, das castanhas e do aconchego da manta no sofá, com a chuva a cair lá fora. E agora, veio Novembro, está tudo mais calmo cá dentro. E o calor que sinto é mais profundo e meu. Dei por mim, há dias a dizer que considero ser uma pessoa feliz, porque sou inteira. Já tinha pensado isto algumas vezes, mas desta tomei uma consciência diferente do que isso possa significar. Nestes últimos meses, o tão famigerado relógio biológico tocou, toca, tem tocado muito. E o toque tem aumentado de intensidade. Já deixou de ser uma "vontade" externa e um projeto para o futuro, é mais uma coisa cá de dentro, agora. Uma vontade que parece ir além do meu simples gosto (ou adoração?) por crianças e por pessoas em geral. Sinto vontade de criar vida, de transferir algo meu, de passar a um novo nível de sabedoria, essa que penso que só é possível quando criamos um outro ser e quando participamos de modo ativo, no papel principal, na sua educação. Quero crescer mais e mais. E sentir o tal amor incondicional por outro ser humano. O tal amor supremo de que as Mães falam. Como se o resto da minha vida já não fosse suficiente. Será esta a condição humana? Nada nos chega e nada é suficiente? Ou vamos sentindo necessidades diferentes conforme a passagem do tempo e o nosso crescimento enquanto pessoas? Talvez seja isso. Houve um momento de um destes dias em que senti uma sensação muito estranha e inédita em mim: pela primeira vez (que me lembre) senti uma falta de sentido na minha vida que me pareceu abissal. Nesse momento, pensei que a minha morte não seria algo assim tão pouco viável, tendo em conta que nesse momento, não via razões suficientemente válidas para continuar a viver. Como veio, essa sensação também se foi, desvaneceu-se mais ou menos rapidamente. E a tal vontade, vem. Surge muitas vezes. E, de modo autêntico, começa a permanecer. Toda e qualquer vontade similar das pessoas à minha volta não é nada comparada a esta, que é minha. Minha e independente de quaisquer pressões à minha volta e também da restante conjuntura que não é favorável à concretização imediata da minha vontade. Mas isso não importa, pois a tal vontade existe à mesma. Há que aprender a lidar com ela e a esperar pela sua desejada concretização.

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