No último sábado, dia 12, saí à rua e protestei. Estive bem no meio daquela multidão no coração do Porto. Foi lindo ver tanta gente unida por uma causa comum. Não uma mas várias gerações à rasca.
Este foi o conteúdo da minha folha de protesto:
PROTESTO
- Porque faço parte desta geração enrascada.
- Porque já trabalhei a recibo verde, dando aulas e tendo as obrigações de um professor, mas sem justa remuneração e sem qualquer segurança. Nos períodos de férias escolares, nos quais trabalhava, nada recebia por isso.
- Porque “estagiei” sem remuneração após a licenciatura, dispondo-me a trabalhar gratuitamente para adquirir experiência profissional.
- Porque já fui explorada num trabalho com isenção de horário e submetida a condições de trabalho insuficientes.
- Porque o meu vencimento mensal foi sempre abaixo dos 1000€, desde há 5 anos, e tem vindo a diminuir. Porque vejo pessoas licenciadas a receber pouco mais que o salário mínimo nacional. Porque o salário mínimo nacional nem sequer é um vencimento digno para nenhum profissional, tendo em conta o custo de vida do país.
- Porque considero que o mérito e o empenho das pessoas devem ser reconhecido, como factor de selecção e de evolução no mercado de trabalho.
- Porque as mulheres não deveriam ser discriminadas no mercado de trabalho.
- Porque me custa aceitar que a emigração seja a única saída aceitável para a minha vida, para que possa viver uma vida digna, para que possa ter acesso à cultura, para que possa ter filhos…
- Por mim e pelas gerações que me seguem.
Soluções propostas
- Mudanças estruturais ao nível da educação, com particular ênfase para o 1º ciclo do ensino básico e até no ensino pré-escolar. Alterações na gestão dos cursos e das vagas do ensino superior, bem como da avaliação de competências/vocações para o acesso, com especial atenção para as áreas da saúde e da educação. Actuação ainda sobre os cursos profissionais, ao nível da diversificação das áreas e da qualificação dos professores/formadores, bem como da respectiva coordenação. Maior aproximação das escolas ao mercado de trabalho.
- Ao nível das empresas, promover a criação de incentivos à contratação de colaboradores. Controlar/Fiscalizar e punir as empresas que mantêm trabalhadores em situações precárias (falsos recibos verdes, por exemplo).
- Integração de psicólogos (tantos desempregados!) nas escolas, nas empresas públicas e privadas, em todas as instituições, pois o seu trabalho é válido e fundamental para o bom funcionamento geral.
- Aumento do salário mínimo nacional e dos salários em geral, segundo qualificações e tarefas desempenhadas. Este aumento poderá permitir um aumento da produtividade, bem como potenciar o consumo. Com os salários praticados actualmente para a maioria das pessoas, a Economia pára ou morre.
- Corte da catadupa de benefícios de tantos elementos do governo e da restante classe política, etc. e redistribuição da riqueza pelo País. Portugal somos todos nós!
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