sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"No meu tempo é que era bom!..."

Ontem, estava eu sossegada a ler as notícias na internet, num dos meus locais de trabalho, quando alguém me interpelou dizendo algo como: "ai que carinha tão triste! Estes jovens de hoje em dia andam sempre tão tristes!..." e continuou por ali fora a dissertar sobre o tema...

Ora, eu estava um pouco menos bem disposta (se é que se pode chamar assim...), pois estava a ficar com a minha "querida" dor de cabeça e, além disso, estava a ler notícias, as quais raramente são propriamente animadoras.

A observação (e posterior dissertação) irritou-me por várias razões. Uma delas é o facto de eu até ser uma pessoa risonha. Sorrio muito. Nem sempre sorrio por dentro da mesma forma que por fora, apesar de me considerar uma pessoa bastante "transparente" (o que nem sempre dá lá muito jeito), mas sorrio bastante, de facto. Para quem me conhece, o sorriso é uma das minhas imagens de marca...lol

Por outro lado, durante a dita dissertação, a pessoa que me interpelou ainda acrescentava que no tempo dela (de jovem) não era nada assim e que ela, em particular, sorria e ria imenso!... Que, antigamente as pessoas tinham que lutar muito mais pela vida, mas isso não as fazia ficar deprimidas ou não rir, por assim dizer. O culminar desta dissertação foi, para mim, quando a pessoa diz que um dia foi de férias com as amigas e até tiveram um acidente, mas riram como perdidas do facto. A minha resposta foi: "com certeza que ninguém se magoou no dito acidente...". A resposta da dissertadora (mente pensante)foi qualquer coisa assim: "tivemos uns arranhões e algo mais, mas nada de grave...". Dizia ainda a cabeça pensante que "os problemas chegam depois, mais tarde...". Acrescento que a pessoa em questão não deveria estar à espera do ordenado do mês para pagar contas como eu (que não vem semrpe quando devia...), pois concerteza tem um contrato de trabalho ou mais provavelmente, faz parte dos quadros... também não deve estar preocupada se fica doente ou algo semelhante e não tem direito a uma baixa...Não deve estar a planear ser mãe nos próximos anos e andar a sonhar a possibilidade de ter uma situação profissional minimamente estável para o poder fazer. Enfim.

Minha gente: a título de exemplo posso dizer que, agora, que já passaram quase 3 anos do meu acidente (aquele em que fracturei a bacia, coisa pouca...podia ter sido pior, como se diz sempre), também rio de algumas situações. Por vezes, tenho até saudades das papariquices e afins, mas essas são só momentâneas ( e, convenhamos, um pouco estúpidas!). Acima de tudo sorrio, pois foi mais uma pedra no caminho da minha vida. Uma pedra que analisei e me fez aprender, crescer mais um pouco.

Pergunto eu: os jovens de hoje em dia não deveriam andar deprimidos (ou simplesmente, não estar constantemente alegres e contentes) porque a vida é mais facilitada? Não hé dificuldades para os jovens? Ou melhor ainda: a vida de qualquer pessoa, só pelo facto de ser vida não acarreta diversas dificuldades por defeito?! E sorrir sempre é obrigatório?

Concordo que antigamente havia dificuldades, sem dúvida! Isso não implica que hoje em dia, não existam dificuldades, muito pelo contrário. Os jovens de hoje em dia têm dificuldades. Os jovens de hoje em dia têm dificuldades em arranjar um emprego decente, em ter uma vida independente, em integrar-se na sociedade, muitas vezes. Não são as dificuldades de antes, são as de agora! Antigamente, as pessoas tiveram a sorte de viver vidas mais saudáveis. Com um pouco mais de esforço, talvez no futuro se volte a viver dessa forma. Temos que ser nós a construir esse futuro e devemos começar hoje mesmo. Em vez de cruzarmos os braços, mergulharmos num mar de queixas e lamentações, devemos agir! Isto não implica estar sempre bem-disposto. Levar a vida com optimismo é diferente disso.
De resto, viver implica sempre sofrimento. Isso é bom ou mau? Não sei. Simplesmente é assim. Contra factos não há argumentos, como se costuma dizer. Quanto a sorrir, não é obrigatório, mas devia ser!...Sorrir sempre é que não é nem obrigatório, nem sequer possível! Eu sou a maior defensora do sorriso, mas haja paciência e direito a não sorrir de vez em quando, pois o contrário implica, na minha opinião, hipocrisia pela certa. Até chorar é normal, é uma outra forma de comunicar. Chorar lava a alma, como se diz. Eu concordo.
Assim, minha gente, sorriam muito, mas façam-no sinceramente. E quando apetecer chorem, gritem, esperneiem ou simplesmente fiquem impávidos e serenos. Apesar de pouco justo, Portugal é um país livre. Honremos essa liberdade.

1 comentário:

Lua disse...

Pois é querida caos, o mundo está cheio destes "velhos do Restelo", que só sabem dizer que no tempo deles ´q eu era bom! Sinceramente não sei como não lhe disseste umas boas verdades! A nossa vida hoje é muito mais difícil, do que foi a dos nossos pais. Eles podiam despedir-se e arranjar trabalho na mesma semana, os valores de tudo eram comparativamente mais baixos, as nossas mães com a nossa idade já tinham dois filhos, mas a nossa vida é que é facil! Nós somos a geração recibo verde, n obrigações e nenhum direito!!!
Essa senhora (pelo modo como falas parece uma senhora) deve viver num mundo diferente do nosso, ou então não conhece de perto nenhum caso de vida real. Se calhar os filhos dela, têm 30 anos mais ainda vivem lá em casa e tudoo ganham é para eles e não para a casa e as contas como no nosso caso!

Quanto a estar triste e a chorar, já sabes que concordo contigo! Para as urtigas! Bah! Estamos num pais livre onde podemos estrar triste e contentes quando nos apetece!!! Pareceme também que essa dita senhora será daqueles seres, que no dia em que estiveres genuinamente feliz te dará uma palestra sobre os maleficios de ser uma pessoa feliz! Na minha opinão trata-se de um buraco negro - se estas feliz vou por-te triste, se estas triste vou-te por pior. Manda à merda baixinho, (para ela não ouvir) e faz o que te apetece! Mais nada, agora até o humor deve ser de acordo com o que os ouros acham? Era...